sábado, 1 de novembro de 2014

A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO MUSICAL E OS SEUS CAMINHOS

    
 
    
Boa noite meus caros!!! 
Acredito que a pouca importância que é dada a esta educação, se deve ao fato de que a música está tão presente na vida das pessoas que elas não a percebem mais. Estranho isso, não é? Explico. Seria como àquela pessoa que faz o mesmo caminho de casa para o trabalho e já não observa com atenção o que acontece ao seu redor. Fica cega aos detalhes. A pessoa fica com uma visão limitada do todo.  Por exemplo, outro dia cheguei em uma sala de aula onde haviam vários ventiladores ligados e um deles fazia um barulho que me incomodou desde o primeiro instante que entrei lá. Imediatamente perguntei aos alunos se poderia desliga-lo para dar início a aula. Muitos estranharam meu pedido, pois não estavam mais percebendo o barulho. Ele já não os incomodava.
    Eu comparo a música ao oxigênio que respiro. Eu não o vejo, eu não o sinto, mas se me tirarem eu passo mal e posso até morrer, e é neste momento que eu percebo a sua importância.
    Pode parecer exagero para alguns, mas é assim que eu penso sobre a música. Ela é tão importante para mim como o ar que respiro e sei que muita gente pensa do mesmo modo que eu. 
   Por estar tão arraigada na vida das sociedades desde que o homem existe na terra é que a música não é vista com a sua devida importância. E isso se reflete no seu ensino, na sua transmissão.
Outro fator que acredito que contribui é que ainda existe a crença que fazer música através do canto ou de um instrumento musical é para os dotados de um dom especial e até mesmo divino. Por isso que o ensino de música era dado, até meados do século XIX para os "escolhidos por Deus". O ensino da música estava limitado a execução perfeita de um instrumento ou do domínio das técnicas de canto, os virtuoses. Um mero mortal era colocado a margem disso e ele não poderia "arranhar" um violino com a sua música preferida. A música se aprendia nos Conservatórios de Música e não nas salas de aula do ensino regular. E mais, a música não era vivenciada antes da teoria, muito pelo contrário. A  ênfase era dada inicialmente no papel, na teoria, na notação musical. 
   Quando Émile- Jacques Dalcroze percebeu em seus alunos esta falta de vivência, foi que ele, seriamente, meticulosamente e com estudos sérios, criou a Euritmia. Isso revolucionou o ensino de música, mostrando que qualquer um poderia aprendê-la, sendo "dotado" ou não.
   Quando somos crianças, aprendemos primeiro a falar, porque ouvimos os nossos pais, avós, irmãos, colegas, amigos, tios etc repetindo sons. Muito tempo depois é que vamos a uma escola para aprendermos o que é uma vogal, depois consoantes, sílabas, palavras, frases, textos. E isso demora anos e anos. 
    No ensino de música devemos partir do mesmo princípio. Devemos primeiro vivenciar os sons e suas propriedades sem a preocupação de nomear as coisas. A criança deve sentir os sons - suas alturas, timbres, intensidades e durações - e isso em um processo que deve respeitar o seu desenvolvimento, conforme Piajet nos apresentou e que outros educadores musicais pioneiros como Willems adotou em seus estudos.
   A minha formação, assim como de muitos outros tantos músicos brasileiros, foi cheia de defeitos e alicerçada no autodidatismo, justamente por que na época que comecei a estudar música, eu não aprendi e apreendi de maneira vivencial e sim teórica.
   Lembro-me muito bem de quando comecei a estudar no Centro de Belas Artes, quando ficava no prédio do seminário, em frente ao colégio Marista. Entrei lá para aprender violão clássico. As aulas estavam dividas da seguinte forma: aulas práticas de violão com um professor específico e aulas de teoria musical com uma professora. Não havia nenhuma relação e interação entre as duas partes. As aulas de teoria eram realmente de teoria. Copiar o que estava no quadro e procurar decorar os conceitos: "Qual o conceito de pentagrama", os nomes das sete figuras de notas e suas pausas, os nomes das claves etc, etc, etc. E a vivência musical? Acontecia nas aulas de violão, simplesmente aprendendo os exercícios aplicados pelo professor e as músicas do livro adotado por ele. Tudo isso sem paixão, sem vida. Por causa disso tudo, e só vim perceber o motivo depois de muitos anos, deixei as aulas depois de quatro meses de aulas. Boa parte da minha formação foi "eu comigo mesmo".
    Uma pena que estes professores não conheciam as teorias das vivências musicais, ou se conheciam (que é mais grave), não as aplicavam nos seus cotidianos de educadores musicais. 
    Mas felizmente, há algum tempo esta história vem mudando. Muitos dos profissionais, saídos das faculdades de música de nosso país estão fazendo a coisa da maneira certa. Vivenciando a música, provocando assim nos alunos ainda mais paixão e amor por ela.
    Howard Gardner, psicólogo norte-americano criou a teoria das inteligências múltiplas. Ele, depois de muitos anos de pesquisas com a inteligência humana, concluiu que o cérebro do homem possui oito tipos de inteligência. Porém, a maioria das pessoas possui uma ou duas inteligências desenvolvidas. São elas: a LÓGICA, a LINGUÍSTICA, a CORPORAL, a NATURALISTA, a INTRAPESSOAL, a INTERPESSOAL, a ESPACIAL e a MUSICAL. 
   Observem que a inteligência musical faz parte do cerne do ser humano, uns com mais, outros com menos. Mas todos temos.  
    Portanto, para concluirmos temporariamente a nossa conversa, não ensinar música é o mesmo que não ensinar sobre a vida.  
    PENSEM, REFLITAM E COMENTEM!!!

 

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